Sul da Escandinávia. O gelo toma conta de tudo. Pelo céu vão, majestosos, os cisnes selvagens. Sobre a neve, casas frágeis vencem o rigor do inverno com bravura. Dentro delas, o fogo aquece os seres.
Perto do fogo, amigos falam muito enquanto esvaziam barris de bebida destilada.
- Tens que te casar, Hurik. Pensa no teu filho.
- Não. Ela pode querer voltar um dia.
- Se ela quisesse ficar, não teria ido embora.
- Mesmo que ela não volte, não quero outra.
Fizeram comentários maliciosos a que Hurik não respondeu. Algum tempo depois, eles saíram e só o dono da casa ficou com um menino.
- O senhor acha que minha mãe pode voltar?
- Não sei, Garion.
- Eu queria tanto conhecer minha mãe... -ele pensou um pouco e arriscou- Aquela mulher que esteve aqui outro dia-
- Garion, vai te deitar: é hora de dormir.
O menino abriu a boca para continuar o que estava falando mas preferiu não desafiar o pai e obedeceu-o.
Garion acordou no meio da noite e ouviu que seu pai conversava com uma mulher. Sentou-se na cama e olhou naquela direção mas a luz era fraca e ele nada pode ver. Tomou coragem, levantou-se e atravessou o cômodo em direção à cama do pai. A mulher viu-o, porém, e escondeu o rosto e as mãos no travesseiro.
- Pai, ela é minha mãe?
- Tira ele daqui! -ela falou com voz abafada.
Hurik levantou, pegou Garion pela mão e levou-o de volta à cama dele.
- É ela, pai? É ela? Pai, me diz!
- Fica quieto. Deita e dorme e não perguntes nada.
- Pai!-
- Cala-te!
Hurik voltou para sua cama e ela não estava mais lá. Rogou uma praga e correu à janela. Viu um vulto que se afastava no meio da neve.
- Pai, me diz...!-
- Sim, ela é tua mãe. -respondeu impaciente, pronto para culpar o menino pelo que acontecera.
- Então... por que...?
- Ela tem os motivos dela. -ele ainda buscava o vulto dela pela janela.
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